Ainda há viabilidade para a distância entre líderes e liderados?
Por muito tempo, e ainda muito nos dias de hoje, vimos crescer um distanciamento entre a liderança, principalmente dos membros do chamado C-Level, e o restante dos colaboradores de grandes organizações.
Distanciamento não só físico, como o exemplo de grandes salas exclusivas para ocupantes de cargos de autoridade, mas também interpessoal. Burocracias excessivas, falta de independência, pouco contato no dia-a-dia, fazem com que as relações entre colaboradores e seus líderes não se solidifiquem, o que gera um clima intimidador para a proposição de possíveis soluções e novas ideias vindas de indivíduos que estão mais inseridos na execução do produto ou serviço.
A liderança é vista como o principal problema enfrentado por empresas e seus ambientes de trabalho; como vemos no gráfico abaixo, que ilustra um estudo realizado no relatório Work Place Issues.
Nele, podemos perceber uma relação direta, em cascata, entre os elementos abordados em sequência: uma má liderança afeta a performance do time, que passa a vender menos e, consequentemente, abala o serviço oferecido ao cliente e sua experiência.
Com o crescimento da valorização da chamada "Cultura de Startup" também no meio corporativo, observamos uma tendência de encurtamento dessa distância entre os dois agentes. A chamada "Liderança Criativa" vem tomando conta de organizações que buscam um ambiente de trabalho colaborativo e com estímulos à inovação.
Figuras com cargos como o de DEO (Design Executive Officer) ganham evidência e relevância em diversos segmentos diante dessa transformação cultural. Este é o líder que entende o poder da transformação pelo Design, com olhar voltado ao ser humano.
As influências verticais (top <> down) em demasia não fazem parte dessa nova forma de liderar, que busca desfazer essa impressão de controle, influência e gerenciamento por uma liderança singular.
Para liderar, é importante saber servir. Não basta ter um MBA, boa perspectiva financeira, pensamento estratégico, ser ábil em delegar e centrado; habilidades nada interpessoais que, muitas vezes, reforçam as impressões hoje desvalorizadas.
Agora, o CEO, que deve sim saber ser racional, ambicioso, confiante e competitivo, sai de sua sala para desenvolver habilidades de experimentação e improviso, colocar a mão na massa quando necessário, se abrir para novas experiências. Tudo isso para conseguir trabalhar em colaboração com seu time e incentivar a aspiração entre pessoas, independência na tomada de decisão, buscar aprendizados diante dos erros e o conforto diante de situações de ambiguidade - relações horizontais que impactam na produtividade e nos resultados da empresa.
O cenário em que vivemos, exige que as pessoas encarem todos os desafios dos negócios como um problema de design solucionável com a combinação certa de imaginação e métricas.
Líderes criativos têm a capacidade de ver as situações de novas maneiras e resolver problemas vendo coisas que outras pessoas não veem. Sinônimos de criatividade incluem palavras como inventividade, imaginação, inovação, visão, progressividade, originalidade e desenvoltura.
Abaixo, listamos as principais características de um Líder Criativo, segundo o livro Rise of the DEO - Leadership by Design, das autoras Maria Giudice e Christopher Ireland:
São Agentes de Mudanças (transformação)
Um representante que encoraje mudanças e experimentações, sendo capaz de resolver problemas complexos. Além de fugir da abordagem tradicional, buscam quebrar o status quo e incentivar sonhos pessoais e profissionais.
São Intuitivos
Todos os seres humanos são intuitivos. Mas, por pura pressão, acabamos por reprimir essa característica tão importante. Tivemos de buscar o incentivo à experimentação para trazer o pensamento intuitivo de volta à tona, aprendendo a entender o que é certo por percepção e observação ou expertise. Tudo isso, claro, sem prejudicar a lógica e a racionalidade, usando-as para validar suas considerações.
Desenvolvem Inteligência Social
Na busca por conexões interpessoais e integração, preferem passar o tempo com os colaboradores, clientes e outros stakeholders ao invés de atrelarem seus corpos aos de máquinas e grudarem seus olhos no Excel. "Everyday People" é o seu lema para novas ideias.
São Tomadores de Risco
DEO's abraçam riscos, característica inerente a sua vida pessoal, mas ingrediente chave para aflorar sua criatividade. Além de mitigar pontualmente, estão sempre à procura de riscos que podem atrapalhar algum processo e frequentemente pensando em quais aprendizados esses riscos podem gerar.
Possuem Pensamento Sistêmico
Entendem as interconexões entre áreas. Hoje em dia, que cada parte de uma organização influencia uma a outra e conversa entre si. São líderes que dão a disrupção necessária, mesmo que caótica, mas de forma consciente e sistêmica.
GSD - do inglês "Gets Sh#% Done"
Fazem acontecer. Sentem urgência em se desenvolver pessoalmente, entender detalhes de situação e liderar pelo exemplo, construindo confiança e ouvindo o que a equipe tem a dizer.
Lembre-se:
- Design não é um substantivo, Design é um verbo.
- Inovação não é mágica. É processo.
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